E como a cera está caríssima, a tendência do apicultor ou do comerciante de cera é reciclá-la o mais possível. Provavelmente, em cada quilograma de cera que compramos existe uma boa percentagem de cera com muitos anos, que é, ciclicamente, reutilizada, e bem impregnada com resíduos de toda a espécie.
Acontece que a cera é um lípido que absorve e acumula, em perpetuidade, todos estes resíduos, e que, a cada nova reutilização, acumula ainda mais contaminantes.
Por esta razão, prefiro consumir mel de cera virgem que, em Portugal, é difícil de de encontrar. Ainda se pode encontrar algum mel de cortiço - muito pouco, e a um preço bem acima do mel convencional, e é assim que deve ser - mas, pessoalmente, prefiro trabalhar com as minhas colmeias.
E poder controlar a qualidade da cera é uma das razões principais pelas quais as colmeias Top Bar e Warré tanto me agradam.
Mas a nossa colmeia Lusitana também pode ser usada para produzir mel em cera virgem! Como fazer?
O meu interesse é usar de alça quadros novos, que nunca tiveram contacto com cera comercial. Como tal, não quero usar tiras de cera ou pingar cera na ranhura do quadro. Certo, podia fazê-lo com cera da Top Bar, mas o objectivo deste exercício é provar que podemos usar quadros virgens.
A minha técnica consistem em intercalar quadros virgens com quadros já preenchidos com mel. Neste caso, preparo a alça nova, com os espaços intercalados com quadros e sem, e vou retirando quadros preenchidos da alça na colmeia, que vou reposicionando na alça nova.
(E sim, devia ter colocado a alça sobre a prancheta ou o telhado, não fosse a rainha ter subido à alça!)
Os quadros virgens que saem da alça nova preenchem os espaços que foram evacuados na alça na colmeia.
A alça nova é colocada sobre a alça que já se encontrava sobre a colmeia - neste caso, não há necessidade de a colocar sob a alça que já se encontrava na colmeia. A técnica é bastante simples, não incomoda muito as abelhas, e pode ser continuada durante toda a época.
Quadro já preenchido, que já poderia ser recolhido e centrifugado.
Se pretendesse fazer mel escorrido - o que seria, ainda, melhor! - teria usado quadros sem arames.
E se pretendesse fazer mel em favo, teria usado os nossos quadros TimberBee especiais para mel em favo, que fizemos para o Lagar do Mel, no ano passado. Provavelmente ainda vou fazer alguns...
Idealmente, a cera no ninho também deve passar por um processo semelhante, até ser toda substituída por cera virgem. Ainda não foi o caso, mas lá chegaremos!